Desenrolando-se dos lençóis, levantaram-se nus, banharam-se juntos e fizeram o desjejum enquanto conversavam. Nando, ainda sob efeito do sono e uma leve dor de cabeça, acordara decidido a ir para casa.
- Não sei o que aconteceu comigo, linda. Perdão. Não posso acreditar que fiz aquela cena. Perdi a cabeça. Sou louco por você. E essa noite foi a confirmação de tudo que sentimos um pelo outro. - disse Nando, celebrando a primeira vez de "amor" com a namorada.
- Está tudo bem, amor. Não vai acontecer de novo, né? - contestou Cíntia, demonstrando tristeza no olhar.
- Não. E, por favor, muda essa carinha aí, vai! - respondeu.
Ele perguntou o motivo da tristeza, mas ela deu jeito de desconversar, pois não queria mais discussão. Nando finalizou o café e tocou-se para casa para seguir seu descanso.
Já era quase meio-dia quando Zeca tocou a campainha da casa de Cíntia. Ela estava em prantos. Refletia sobre toda aquela noite agitada que houvera passado. Caiu nos braços do amigo buscando consolo. Deixara Nando com uma interrogação e isso a incomodava profundamente: por que aquele rostinho doce aparentava um ar triste na manhã após ter tido sua primeira vez? Teria sido seu surto de ciúme?
Zeca apenas contemplava toda a cena. Ela o chamara ali pouco depois que o namorado fora embora.
- Preciso esclarecer as coisas, Zeca. Ele não merece isso. Eu não mereço. Você... sabe... - dizia soluçando. Zeca apenas ouvia.
As horas passaram. A chuva aumentara. Raios e trovões iluminavam a tarde escura daquela sexta-feira. Decidida, Cíntia decidiu acabar com a dor que a consumia. Na cozinha, pegou a faca mais pontiaguda e levou para o quarto. Foi até a janela, que agora tinha o vidro fechado e mirou a casa de Zeca. As pernas tremiam. Voltou-se para trás e sentou. Largou a faca sobre a cama ainda desarrumada e pegou o celular.
O relacionamento secreto entre ela e seu vizinho já não tinha mais cabimento. Ficou só e magoada, pois alimentava duplo sentimento: amava um e era apaixonada por outro. Não queria mais ser de dois homens. Olhava para as paredes cheias de livros, mas todas as leituras sobre amor pareciam-lhe não fazerem mais sentido. Vivia uma desilusão provocada por ela mesma.
"Nando, preciso ser honesta com você. Zeca não é meu amigo. Não deixei de ser virgem com você. Não passei calor durante a noite, tampouco aquelas manchas na cama eram de suor. Perdão, perdão, perdão. Acredite em seus instintos, seu pesadelo foi além de um sonho.", dizia a mensagem que Nando recebera por volta das cinco da tarde.
Tomado por um sentimento de tristeza, pela mensagem recebida; culpa, por não ter acreditado em seu sexto sentido; raiva, pela traição; Nando, impulsivo, sai de casa, vestindo uma camiseta branca e bermuda jeans, e vai ao encontro de Cíntia novamente para tirar definitivamente toda a história a limpo.
Ao chegar, se depara com a menina aos prantos pedindo perdão.
- Que papo é esse, mina? Tá louca? Tá me tirando pra idiota? Desembucha!
Foram para o quarto. Cíntia contou toda a verdade. Quis ser honesta, mas parecia tarde demais.
A relação já não teria mais futuro, mas a sina e a vaidade de Nando não lhe permitiriam ver a amada com outro. Colocou a mão na testa, o suor tomava conta de seu rosto, enquanto os olhos marejados e avermelhados fitavam o horizonte. Tremia muito, mas era macho e precisava demonstrar que a traição não teria perdão.
Tomou posse da faca sobre a cama e golpeou o lado esquerdo do peito de Cíntia. Ficou olhando sem demonstrar qualquer sentimento. Matou-a. Confirmara ali, além de todas as características que desenhavam sua personalidade, sua imaturidade, sua irresponsabilidade.
Zeca acompanhara tudo da porta do quarto, sem intervir em momento algum. Insensível a tudo que presenciou, cinco minutos depois, corre para os braços ensanguentados de Nando. Beijam-se, enquanto os olhos abertos de Cíntia, estirada sobre o lençol cinza-claro cheio de manchas vermelhas arredondadas, mira-os. O machão fragilizara-se. Zeca é seu.
Tomou posse da faca sobre a cama e golpeou o lado esquerdo do peito de Cíntia. Ficou olhando sem demonstrar qualquer sentimento. Matou-a. Confirmara ali, além de todas as características que desenhavam sua personalidade, sua imaturidade, sua irresponsabilidade.
Zeca acompanhara tudo da porta do quarto, sem intervir em momento algum. Insensível a tudo que presenciou, cinco minutos depois, corre para os braços ensanguentados de Nando. Beijam-se, enquanto os olhos abertos de Cíntia, estirada sobre o lençol cinza-claro cheio de manchas vermelhas arredondadas, mira-os. O machão fragilizara-se. Zeca é seu.
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Paulo