"Abre a porta! Tô aqui na frente.", dizia a mensagem curta e direta que Cíntia visualizou, estranhando, depois de ouvir seu celular tocar, por volta das quatro horas da manhã.

Nando havia pego um dos carros dos pais e saiu de casa discretamente para que ninguém percebesse. Era uma madrugada de outono. Temperatura agradável. Quinta-feira. A mãe de Cíntia havia viajado para a cidade vizinha onde iria passar a noite com o namorado.

A porta se abriu. Cíntia andou na direção de Nando para abraçá-lo e beijá-lo, mas ele deu um passo para trás, deixando-a no vácuo.

- O que houve? Entra! - disse a garota.

Nando respirava ofegante, enquanto observava a casa: - Onde está? - perguntou ele.

- Ela saiu. Foi passar a noite com o Toni, amor. - respondeu Cíntia, aparentemente aflita.

Era uma ninfeta. Querendo disfarçar sua angústia, provocativa, sentou-se de frente para o namorado, deixou as pernas levemente abertas e jogou o cabelo para cima do ombro esquerdo, alisando-o com as duas mãos e um olhar sedutor, convidativo, como nunca houvera feito com Nando.

- Sabe de quem eu tô falando. Quero saber dele. Cadê? Não adianta esconder. - esbravejava o rapaz, andando e invadindo o quarto de Cíntia, após subir um lance de escada que dava acesso aos dormitórios da casa.

Ao entrar, Nando se deparou com a janela entreaberta; a brisa que entrava de fora movimentava a cortina branca; a cama estava bagunçada, vestida com um lençol cinza-claro retorcido, com manchas úmidas arredondadas.

- Abri a janela. Tava muito quente aqui dentro e eu já estava suando. - disse Cíntia, justificando a cena. - Mas o que você tem? Acalme-se. Deite comigo e conte o que está acontecendo.

Nando observou um pouco mais o ambiente. Vasculhou discretamente o quarto da namorada e não conseguiu confirmar o que suspeitava. Sentou-se na beirada da cama e começou a relatar seu pesadelo à Cíntia, que ouviu com atenção, em choque. Os detalhes da história que o rapaz narrava eram tão reais para a garota que por instantes...

- Calma, gato! - disse ela, passando a mão no cabelo de Nando e beijando-lhe os lábios. - Foi só um sonho.

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Paulo

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